Os sons da Saudade

Saudade do apito vindo de longe e o barulho do trem nos trilhos
Saudade das cigarras cantando no abacateiro e quintal dos vizinhos
Saudade do trotar dos cavalos nas pedras da travessa
Saudade das músicas na fonte luminosa da praça
Saudade da buzina do leiteiro na carroça
Saudade dos telefones tocando na Telegoiás
Saudade da radiola tocando os discos dos meus pais
Saudade dos hinos da igreja no início da noite
Saudade dos sinos chamando o povo pra rezar
Saudade do chio do meu velocípede
Saudade das cornetas do quartel a anunciar
Saudade de ouvir a velha Xavantes
Saudade das serenatas dos românticos amantes
Saudade da sirene do Zé Pio onde estudei
Saudade do surdo que toquei e o ensaio das bandas nas ruas
Saudade do trenzinho da alegria que nos levava pra passear
Saudade dos berrantes nas cavalgadas
Saudade do barulho da pecuária nas madrugadas
Saudade de muita gente, lembrança de muitas coisas
Vontade de voltar ao centenário Vai-e-Vem.

Rander Rezende
Ipamerino residente em Goiânia





Rander Rezende nasceu em Ipameri em 1978. Mudou-se para Goiânia com seus pais e irmã aos 13 anos. Na sua adolescência começou a tomar gosto pelas artes e literatura, tendo tido influência de seu pai que sempre escreveu também. Sempre teve prazer em falar das suas origens, nunca esquecendo de sua vida na Travessa Paranaíba, de onde tem ótimas lembranças.

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