Olha o Trem!

Um tempo, um trem de ferro
Que trafegava aos berros
Cortando esses sertões...
Trouxe letras, professores,
Poetas com seus amores
Mas também levou saudade.

Era a Maria-fumaça,
Que até hoje ainda passa,
Por nossa imaginação,
Na cava do urubu
Que ficava mais ao sul
Nos extremos da cidade!

O trem que trouxe o progresso,
Fez o seu curso ao inverso
E um dia o carregou.

Das janelas os sorrisos
Dos amores que eu cismo
Durar-se-iam pra sempre,
Pois pra sempre é eterno
As muralhas do inferno
Às vezes no pensamento.

O trem contou-nos histórias,
E nos falou de memórias,
Que aos poucos apagar-se-ão
Foi-se o trem, foram-se os trilhos,
Só nos ficou os vazios
Na explanada da estação.

O vi menino e cresci
Hoje passa por aqui
Apenas recordação
Levou o meu realejo,
A srª. dos meus beijos
O cesto de “pães de queijo”
No seu último vagão.


Dom Zé





Poesia de Edson de Oliveira (Pseudônimo: Don Zé)

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